quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Rouxinol

"Não sei se é certo pra você, mas por aqui já deu pra ver.
Mesmo espalhados ao redor, meus passos seguem um rumo só."
(Quito Ribeiro/Moreno Veloso)



Roberta Varela Sá, 29 anos, nascida no Rio Grande do Norte, criada no Rio de Janeiro. Começou a ser reconhecida após marcar presença na trilha sonora da novela 'Celebridade' cantando "A vizinha do lado" de Dorival Caymmi. De lá pra cá 3 CDs ("Braseiro", "Que belo estranho dia pra se ter alegria" e "Pra se ter alegria"), 1 DVD ("Pra se ter alegria- ao vivo no Vivo Rio") e muitas participações. Tamanho é seu talento, que Caetano Veloso a tem como sua preferida dentre as ditas 'Super Novas'. E mais, Roberta concorre esse ano indicada pela crítica ao prêmio de Melhor cantora de MPB no 21º Prêmio da Música Brasileira ao lado de Maria Bethânia e Nana Caymmi. Isso porque ainda não completou nem 6 anos de carreira. Alguma dúvida de que ela vai longe?

Acima, a síntese mais que sucinta de Roberta Sá. Pra mim: O Rouxinol.
Não tinha como o primeiro post de #sonoridade não ser dela. Por motivos inúmeros (sem exagero da palavra), mas cito apenas 2. Primeiro, porque hoje respeito, amo e tenho um zelo especial pela Música. O apreciar e degustar cada melodia, arranjo e letra, e reverenciar seus respectivos responsáveis. Tudo isso devo a ela. Segundo, porque a arte entoada por Roberta e momentos importantes da minha vida se entrelaçam de tal maneira que não sei citar nenhum deles no qual o canto do Rouxinol não esteja presente.
Roberta me ganhou na suavidade e na extrema elegância, primeiramente, observada em sua voz. Após idas a shows, descobri que suavidade e elegância estão por toda a parte. Na presença da cantora (nos sorrisos, olhares, postura e giradas de saia). Nos cenários. Nas mesclas da iluminação. Até em traços da banda (e que banda!!! Mas eles são um capítulo a parte)! A voz é um primor... doce, suave, porém segura e firme. Mostra contornos, transmite emoção, transgride, transporta... Que voz!
O repertório traduz o cuidado minucioso que Roberta tem com a arte que faz. Passeia faceira por clássicos, por hora empoeirados, que ela resgata, cuida, recolori e ainda assim mantém a forma genuína de um clássico. Traz ao ouvido jovem, curiosidade, aos já calejados, vivacidade, como poucas conseguem fazer. Mas traz também o frescor de 'novos' poetas e com eles consagra seus clássicos (e pra quem acha que exagero, ouça "Samba de um minuto". De preferência na versão ao vivo do DVD. Aí você vai entender o que estou dizendo).
Os arranjos são impecáveis e criam marca da cantora. A percussão é sempre voraz e alegre. As cordas vivazes. As programações dão o tom moderno na medida certa. Os vocais são sempre gentis com quem os ouve. Todos juntos, garantem a certeza de um deleite musical.
Palco, platéia e bastidores revelam a artista além da cantora. No palco, Roberta cresce a cada show. Nos detalhes, no roteiro, na generosidade de doar-se ao público. Público esse que também cresce ( e é quase assustador como cresce!), e é fervoroso, febril, interessado... Confesso que às vezes sinto falta das pequenas apresentações (por puro egoísmo e prazer de ter o Rouxinol fazendo arte de forma quase exclusiva, se comparado ao tamanho público dos últimos shows). E nos bastidores, mostra-se gente. Um cuidado com cada um que chega pra dizer as MESMAS frases, fazer os MESMOS pedidos, aos quais ela ouve e, se possível, atende com largo sorriso nos lábios e nos olhos, fazendo com que o último a ser atendido, saia com a sensação que foi o primeiro a falar tal coisa, a fazer tal pedido. Ok! Qualquer artista que se preze e seja minimamente assessorado trata bem os fãs.(rs!) Mas com o Rouxinol é diferente, transparece no olhar uma verdade...(tá, eu sei que não adianta explicar. Só quem já passou por um camarim com ela, vai me entender na essência).
Agora é contagem regressiva para o lançamento do novo projeto no início de agosto. O intitulado "Quando o canto é reza" surge numa parceria com o Trio Madeira Brasil e reúne composições do baiano Roque Ferreira. Tudo evoca as paisagens, cheiros, gostos, prazeres do Recôncavo baiano. Nos ensaios abertos, que aconteceram em janeiro deste ano, a menina de vestido vermelho do "Pra se ter alegria" deixa o palco. Dá lugar a uma quase entidade, altiva, forte, pra fora, grande.
Minha curiosidade aguça e aguarda agosto com ansiedade pra apreciar os novos voos e cantos do Rouxinol.

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Seleção de 5 músicas ao vivo


(Se quiser ver os vídeos, basta clicar na nota musical do canto superior esquerdo da playlist)

E pra quem ficou na curiosidade sobre o "Quando canto é reza", segue um vídeo gravado durante os ensaios no Centro Cultura Carioca. No vídeo, a abertura do show com a música "Água doce" da qual foi tirado o título do projeto.


Mais informações: